Durante todo o século XIX, a Europa passou por profundas mudanças políticas e econômicas. O surgimento das fábricas, que produziam uma enorme quantidade de produtos por um preço menor, e o crescimento do uso das máquinas na produção agrícola gerou um grande número de desempregados.
Muitos europeus que não viam mais condições de sobreviver em seus países optaram por recomeçar a vida em outro lugar. O Brasil representava uma boa alternativa, uma vez que aqui era preciso mão de obra nas fazendas de café e pessoas para povoar parte do território que estava desocupado. Incentivados pelas promessas de uma vida melhor, muitos europeus vieram para o Brasil no século XIX.
A vinda de imigrantes cresceu muito a partir de 1850, porém, alguns anos antes, o imperador D. Pedro I já havia promovido a vinda de estrangeiros como solução para ocupar o território brasileiro.
Por influência de sua esposa, a imperatriz Dona Leopoldina, foram escolhidos imigrantes de origem alemã. Os primeiros chegaram ao Brasil em 1824 e se estabeleceram na região de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro.
O governo brasileiro também se preocupava com o isolamento das terras do sul do Brasil, onde havia extensas regiões não povoadas. No mesmo ano, outra leva de imigrantes se instalou no Rio Grande do Sul, onde receberam sementes do governo para iniciar as plantações e cabeças de gado para o sustento, já que era de interesse do Império que esses imigrantes povoassem a região. Um grande grupo de imigrantes formado por alemães, poloneses e russos foram destinados para os estados do Paraná e Santa Catarina.
Os primeiros imigrantes estrangeiros que chegaram a Santa Catarina em 1828 formavam um grupo de 600 pessoas de nacionalidade alemã. Atendidos inicialmente por funcionários do governo, foram alojados em instalações militares da ilha, até que obtiveram a autorização do governo provincial para viajar ao interior e tomar posse de suas terras.
Houve uma demora nesse processo de aproximadamente três meses até que pudessem tomar posse das terras na área da colonização.
No dia 1.o de março de 1829 foi fundada a colônia de São Pedro de Alcântara, a primeira formada por imigrantes estrangeiros de Santa Catarina. O nome dado a essa colônia foi uma homenagem a D. Pedro, herdeiro do trono brasileiro.
Nos primeiros tempos, os três portos mais utilizados para receber os imigrantes eram: Desterro (atual Florianópolis), Itajaí e São Francisco do Sul. Mais tarde, na medida em que se desenvolveu a colonização das regiões do sul do estado, os imigrantes passaram também a chegar pelos portos de Imbituba e Laguna.
Produtor de morangos descendente de alemães no vilarejo de Santa Isabel, 2011. Águas Mornas (SC).
Os colonos alemães procuraram manter o estilo de vida de seu país, preservando sobretudo a língua e a religião. Construíram, para isso, escolas próprias com o objetivo de difundir a identidade e a cultura alemã. Esses imigrantes trouxeram para a América novas técnicas agrícolas, introduzindo o plantio do trigo e a criação dos suínos.
Além dos alemães, a partir de 1850, chegaram também ao sul do Brasil, em grande número, italianos, espanhóis, portugueses e poloneses. O governo brasileiro promoveu a imigração subvencionada, ou seja, o imigrante e sua família recebiam a passagem de navio até o Brasil e o transporte terrestre até a região onde deveria se estabelecer.
Essa política tinha como objetivo estimular a vinda de estrangeiros para o país. O destino desses imigrantes eram as fazendas de café de São Paulo e os núcleos de colonização no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo.
Ao chegar à fazenda, o imigrante e sua família recebiam o salário misto, isto é, uma quantia em dinheiro e um pedaço de terra para produzir o seu próprio alimento e criar poucos animais. Toda a família trabalhava, inclusive as mulheres e as crianças.
Após alguns anos, começaram a surgir denúncias na Europa sobre as privações sofridas pelos primeiros imigrantes no Brasil. Diante desse fato, a Alemanha criou medidas para dificultar a saída de pessoas do país.
O governo brasileiro passou então a incentivar a imigração de italianos. Como a vinda deles foi posterior à dos alemães, as terras doadas eram mais distantes das regiões habitadas e também menos férteis. Eram muitas as dificuldades encontradas pelos imigrantes ao se estabelecerem no Brasil.
A localização dos lotes recebidos pelo governo, às vezes de difícil acesso, gerava problemas para a distribuição das mercadorias que produziam, o que fez com que muitos deles abandonassem as terras recebidas e migrassem para as cidades em busca de outras oportunidades.
Em 1902, a Itália também proibiu a imigração subvencionada, pois havia denúncias de que os contratos com os italianos não eram cumpridos.
Após o final da Guerra do Contestado, o governo de Santa Catarina decidiu ceder terras devolutas, ou seja, terras que eram do governo, para companhias colonizadoras que promoviam a vinda de imigrantes. O povoamento foi atingindo a região do rio do Peixe, e parte do oeste catarinense também começou a ser ocupado por pessoas que vinham do noroeste do Rio Grande do Sul e que começaram a se instalar na região oeste de Santa Catarina. Assim, chegaram à região descendentes de imigrantes estrangeiros, em particular de italianos, surgindo novos municípios.
Em 1890, foi construída a Hospedaria dos Imigrantes, na cidade de Florianópolis, com acomodações para 250 pessoas.
Em 1875, iniciou-se, no Brasil, uma intensa colonização por parte de imigrantes italianos que começaram, em Santa Catarina, a difundir novas culturas agrícolas com a produção de uva, arroz, milho e fumo. A produção de vinho também tomou grande impulso nesse período.
Os ucranianos chegaram ao Brasil por volta de 1895, quando cerca de 200 famílias se instalaram na região de Itaiópolis, fundando alguns núcleos coloniais. A maioria dos imigrantes poloneses se dirigiu para áreas ainda não desbravadas ou para colônias já existentes, fundadas por alemães ou italianos em diversas regiões do estado, como São Bento, Brusque, Indaial, Blumenau, Turvo, Orleans, Nova Veneza, Guaramirim, Rio Negrinho, Major Gercino, Papanduva, Monte Castelo e Itaiópolis.
Desse modo, chegaram à Santa Catarina imigrantes das mais diversas origens: noruegueses, suecos, dinamarqueses, austríacos, alemães, poloneses, suíços, belgas, gregos, turcos, ucranianos, russos, franceses, italianos, sírios, libaneses, tchecoslovacos, que ajudaram a construir o estado catarinense.
Neste local funcionava a antiga Hospedaria dos Imigrantes. Na cidade de Florianópolis (SC).
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